quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Navy

Podia-se ouvir o chacoalhar das folhas durante aquela noite tão serena, Sophie dormia embalada em sonhos de outras primaveras, tão envolvida que nem se deu conta do que acontecia no andar debaixo. A Mensageira começara a brilhar, o seu laço mais uma vez se levantava no ar e como uma mão que oferece apoio, tirou de lá a pequena criatura cintilante. Essa, por sua vez, voou por todo o cômodo passando pela mobília como olhos saudosistas ao regressar a casa após uma longa viagem. A pequena fada sobe até o quarto onde se encontra Sophie e lá fica a observar, como se estivesse a zelar pelo sono da menina. Quando a aura púrpura encontra os pequenos olhos adormecidos, Sophie desperta, não se assusta, nem acha estranho. É como se fossem conhecidas de longa data e ajeitando-se na cama, Sophie cumprimenta a pequena criatura como assim fazem as pessoas aos primeiro encontros. Ela voa até perto do rosto da menina, o calor que toca a pele é como o carinho sutil daquele alguém que tanto desejamos. Ao ouvido chegam as palavras, uma voz aconchegante, delicada, doce e envolvente, exatamente como a menina imaginara antes. A voz se desprende trazendo as palavras. Oi, eu sou Navy. Sophie não se contendo as investidas por parte de sua inocente curiosidade, pergunta a cerca da Menina Azul, que outrora havia escrito no ar sobre a mesma. Navy chegou-se ao ombro de Sophie, como papagaios que acompanham fielmente seus piratas e assim começou a narrar. No lado de fora, pequenas gotas desciam do céu como pára-quedistas em formação, todas juntas e uniformes, enchendo os ouvidos da noite com o seu som reverberante. A luminária se deliciava enquanto pequenos rios se formavam em suas bordas, contornando aqui e ali e depois seguindo seu caminho até o chão. Dentro da casa Navy contava alegremente a cerca da Menina Azul, como Sophie a chamava.

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