terça-feira, 30 de março de 2010

Mundo Paralelo

sub.je.ti.vo

1. que é próprio do sujeito ou a ele relativo
2. que pertence ao sujeito enquanto ser consciente
3. que é do domínio da consciência
4. que é próprio de um ou de mais sujeitos, mas não é válido para todos
5. aparente; ilusório

Mundo Paralelo

Sonhorealidadepráticateoriaemoçãorazão.

Um cativante furacão teórico, um livro sem título, sem resumo se reescrevendo eternamente. Daqueles que seqüestram Sonhadores de seus mundos etéreos, deixando-os sem saber como agir. Curiosos e inquietos, movidos pela emoção impulsiva. Grandiosa embarcação de pensamentos, ora hesitante, ora navegante e nunca indeterminada. Singular. Decifra-me e devora-me, pois sigo essa hora e pego carona pra te acompanhar.

terça-feira, 2 de março de 2010

Mundo Paralelo

No mundo paralelo, não há a pequena Sophie, nem Navy e nem a Sexta Estação. É um mundo real, com pessoas reais, lugares reais e muita fantasia. Uma delas começa com uma garota de pele de porcelana e cabelos escarlates, sentada quieta, concentrada. A pintura sutil no rosto a deixa com olhos de lince, fortes e penetrantes. A sua frente uma cortina a separa de vozes, confusas e embaralhadas, nada ouve a menina escarlate, nada além da sua respiração ordenada e bem treinada. O ar parece amar aqueles pulmões, pois a cada respirada é como se uma maré de sentimentos a completasse. As cortinas lentamente se abrem, desvendando um grande palco, porém, engolido pela escuridão. Apenas um tímido ponto de luz se sobressai dentre os ternos braços negros que a tudo ali encobre. É para a solitária luz que a menina de cabelos escarlate corre, seus pais mais pareciam deslizar devida a tamanha leveza com que se movimentava. Num piscar de olhos ela simplesmente desaparece, se rendendo aos apelos daquele negro abraço, mas os mesmos logo a perdem para a não mais solitária luz, ninguém havia notado ali a presença de um tímido trapézio, que agora dava apoio as delicadas mãos da menina escarlate. De olhar firme e determinado a menina voa sutil e bela como um cisne, cada parte, cada músculo do seu corpo parecia ter vida própria. Cada movimento executado resultava numa metamorfose de movimentos e contorções. Aos olhos de lince, tudo se movimentava rapidamente, tudo, exceto o ar. Este parecia perdidamente apaixonado, não se cansava nunca de acariciar a bela enquanto voava por ele. Sua presença a jovem notava a cada momento, sentia a linda valsa que seus pulmões dançavam com ele, sentia a revigorante força que ambos mandavam para o seu corpo, sempre no momento certo. Jogado nos braços da dama negra, pequenos olhos castanhos observavam junto a cortina a apresentação. Para eles era como se as leis da física não existissem, pois tudo se movimentava lentamente. Podia-se ver nitidamente os cabelos balançando ao ritmo intenso do corpo, a maestria com que os pequenos dedos se pressionavam e alteravam de lugares ao longo da transparente barra do trapézio. Junto da escuridão aqueles olhos observavam e junto dela eles se foram quando as incessantes palmas começaram. 45 longos segundos foram precisos para que o público se satisfizesse, entre eles, a jovem ia se despedindo agradecida. Como se o mundo tivesse girado ao contrário, novamente encontramos a jovem escarlate sentada, agora eufórica e satisfeita com o resultado de sua apresentação. Quando se acalma, nota na extremidade do banco uma pequena presença, um pequeno rádio a encarava, cantando sutilmente uma bela música em voz baixa. Parecia que nada existia a sua volta, tanto que não pode notar a menina se aproximando para ouvir melhor a canção que dali saía. E nem poderia ter notado, uma vez que quem cantava era Ray.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Diamantes.

Agachada, Sophie observa os dedos do pé. Observa como a areia ao poucos ia se modelando ao redor deles, conforme a água do mar ia e vinha. Sentia cada toque refrescante proporcionado pela água, como a chegada e a despedida de alguém querido. Seus olhos percorriam cada movimento, cada grão de areia que insistiam em se fingirem de pequenos diamantes ao sol.
Perdida em pensamentos, ouvia mil vozes. Algumas conhecidas, outras familiares e outras que esperava enormemente conhecer. Vozes. Algo que Sophie sempre gostou. Adorava passar horas com a pequena Navy, imaginando como seriam as vozes daqueles passageiros. Sempre quietos e fechados, como se nem ao menos possuíssem cor, era ao menos o que Navy sempre dizia em relação a eles.
Uma brisa suave, quase que como um afago nos cabelos fez com que Sophie voltasse aos seus pequenos dedos, para a areia, para o mar. Com os olhos protegidos, partiu para a estação. A parada? A sexta.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Um pedido de desculpas.

Sophie, minha pequena e adorável Sophie. Não pense que por algum momento eu te abandonei. Você, adorável, dona de uma curiosidade sem igual, esperta e sempre inquieta. Acredito que por conta dessa sua personalidade é que por meses tento te encontrar, em vão. Posso senti-la sempre comigo, o seu perfume me acalma, a sua presença me conforta mas mesmo assim não consigo achar resposta para a pergunta: Onde está você? Por quais campos você tem passeado? Por quais estações você tem viajado? Quais são os lugares da minha mente fantasiosa onde você tem estado? Muitas vezes me pego pensando em quantas histórias não teremos para contar quando finalmente nos encontrarmos. Até lá, um saudoso abraço e saiba que nunca te deixarei cair no esquecimento, não deixarei que se perca dentro de mim.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Viagem.

Há sempre um momento na vida, em que o suportável já não pode mais assim ser chamado e com isso acabamos por nos entregar. Assim estavam às nuvens, que derramavam suas lágrimas com torrente força e de dentro do vagão, Sophie observava com ternura as gotas que dançavam nos vidros ao ritmo veloz conduzido pela locomotiva a caminho da sexta estação.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Navy

Podia-se ouvir o chacoalhar das folhas durante aquela noite tão serena, Sophie dormia embalada em sonhos de outras primaveras, tão envolvida que nem se deu conta do que acontecia no andar debaixo. A Mensageira começara a brilhar, o seu laço mais uma vez se levantava no ar e como uma mão que oferece apoio, tirou de lá a pequena criatura cintilante. Essa, por sua vez, voou por todo o cômodo passando pela mobília como olhos saudosistas ao regressar a casa após uma longa viagem. A pequena fada sobe até o quarto onde se encontra Sophie e lá fica a observar, como se estivesse a zelar pelo sono da menina. Quando a aura púrpura encontra os pequenos olhos adormecidos, Sophie desperta, não se assusta, nem acha estranho. É como se fossem conhecidas de longa data e ajeitando-se na cama, Sophie cumprimenta a pequena criatura como assim fazem as pessoas aos primeiro encontros. Ela voa até perto do rosto da menina, o calor que toca a pele é como o carinho sutil daquele alguém que tanto desejamos. Ao ouvido chegam as palavras, uma voz aconchegante, delicada, doce e envolvente, exatamente como a menina imaginara antes. A voz se desprende trazendo as palavras. Oi, eu sou Navy. Sophie não se contendo as investidas por parte de sua inocente curiosidade, pergunta a cerca da Menina Azul, que outrora havia escrito no ar sobre a mesma. Navy chegou-se ao ombro de Sophie, como papagaios que acompanham fielmente seus piratas e assim começou a narrar. No lado de fora, pequenas gotas desciam do céu como pára-quedistas em formação, todas juntas e uniformes, enchendo os ouvidos da noite com o seu som reverberante. A luminária se deliciava enquanto pequenos rios se formavam em suas bordas, contornando aqui e ali e depois seguindo seu caminho até o chão. Dentro da casa Navy contava alegremente a cerca da Menina Azul, como Sophie a chamava.